domingo, 16 de fevereiro de 2025

Pergunta honesta: para que serve um blog em 2025?

Toda vez que penso em algo que aconteceu há muito tempo, toca na minha cabeça uma música chamada 20 Anos Blue, que começa assim: "ontem de manhã quando acordei, olhei a vida e me espantei... eu tenho mais de vinte anos". É uma associação automática porque essa é uma música muito densa sobre o peso da idade adulta. Claro que reconheço que 'muito tempo' é um período de tempo relativo e que mesmo crianças podem ter lembranças que aconteceram há muito tempo de acordo com o tempo de vida delas, mas estou falando de pensar em coisas que não pertencem mais ao cotidiano das pessoas como pertenciam antigamente.

Capa do disco Elis, de 1972, em que 20 Anos Blue foi lançada. Nada Será Como Antes, uma das minhas preferidas de todas as músicas cantadas por ela, também está nesse disco - Via Acervo Cult.

Outra música muito boa sobre o peso da idade adulta é Teatro Dos Vampiros, da Legião Urbana. Gosto muito da gravação ao vivo no Metropolitan, voz e violões (Link) - Via Folha.

Uma dessas lembranças é a própria internet, que mudou muito nos últimos 20 anos. Quando cheguei aqui, entre 2004 e 2005, o Orkut já existia, mas o que me empolgava mais eram o MSN e os fotologs. Logo descobri que o melhor da internet estava nos blogs e que neles era possível ler sobre tudo o que me interessava. Era um meio riquíssimo com práticas já parecidas com as das redes sociais de hoje, como linkar outro blog, que era o equivalente a marcar uma pessoa em uma publicação ou adicionar como amigo, dependendo de como era feito. Como não haviam notificações ou timelines, as pessoas visitavam os blogs umas das outras espontaneamente. 

Era em função disso que se movimentava uma parte imensa da internet até cerca de 2010, quando, dentre outros motivos, os youtubers se popularizaram e o Facebook se fortaleceu no Brasil, iniciando uma nova era de produção e consumo de conteúdo que colocou o vídeo à frente do texto em termos de importância, transformando o blog em nicho.

O universo é a melhor representação do que a blogosfera representava para mim no início da minha adolescência - Via Agência FAPESP.

Uma diferença importante entre a blogosfera, que era assim que chamávamos, e as redes sociais de hoje é que não é preciso ter um blog para ler e comentar em blogs. De fato, a maior parte da audiência não tinha seu próprio blog e acompanhava anonimamente. É um paradigma bem diferente do atual, em que só é possível interagir em qualquer rede se houver uma conta, o que acaba forçando o usuário à atividade.

Outra peculiaridade para se destacar é que, em um blog, todo o layout é personalizável. Este blog, por exemplo, tem uma única coluna de conteúdo porque o autor, eu mesmo, quer que ele seja assim, mas poderia ter duas, uma para os posts e outra para o perfil, os links fixos e tudo o mais, que aqui neste blog ficam lá embaixo, no rodapé. É possível baixar temas mais exclusivos e se aventurar em HTML para criar os próprios templates.

Alguns dos temas disponíveis para download no BTemplates, um dos poucos sites de temas para Blogger que sobreviveu ao tempo. Eu, como usuário do Blogger, prefiro personalizar os temas disponibilizados por aqui mesmo porque as possibilidades são quase infinitas, mas não deixei de olhar o BTemplates quando estava colocando este blog de pé.

Também tive as minhas desventuras em meus próprios blogs e quem sabe um dia escrevo sobre esse passado, mas agora gostaria de me voltar para a pergunta do título, afinal, para que serve um blog em 2025 se temos todos os recursos, exceto a personalização de template, em outras redes sociais? O Instagram e o Facebook são bastante usados para texto, se o caso é escrever, enquanto o finado Twitter, atual X, continua exercendo seu papel de acrópole, com todo o respeito aos gregos, e para expressar ideias e ideais, ou contar histórias, o TikTok está cada vez mais forte enquanto o YouTube está aí para todos. Além disso, em todas essas redes as possibilidades de monetização são bem maiores porque é lá que as pessoas estão e isso converge melhor com o mercado digital.

Existe mais de uma resposta para essa pergunta e eu não gostaria de soar proselitista, ou de parecer que estou subindo em um banquinho e julgando o que os outros fazem na internet, primeiro porque a única intenção é refletir e segundo porque a vida está foda mesmo, então escolher como é que se relaxa é o mínimo que todo mundo merece. Mas hoje vou encerrar por aqui porque o domingo está terminando e eu gostaria muito de fechar esse primeiro final de semana de blog com dois posts publicados. Volto na semana que vem, se tudo der certo, com mais alguns parágrafos sobre o assunto. Adianto que o debate que estou propondo não é novo, não se limita a blogs e já começou em outros lugares.

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